Encontro de famíla

 
Zé Ramalho com a Mãe Estelita e tia Avany Torres


Escrever para a mãe

Como quem escreve para o início
Para a origem do primeiro sopro
Para as carnes que me envolveram
Em meu corpo pleno de plasma
Escudo, cama e o teto
Quando tudo era de cristal

Mulher de ferro derretida em fogo
Lava cuspida em dor e cor
Estaticamente parada de pé
Escorrega e espera-me
Que um vulto passe e lhe toque
Sua pele metálica e macia
Rígido olhar de procuras
Mordida de átomos
Alquímicas e nuas
Suas duras paixões
Movimentos quebraram
Dunas e arestas do estômago
Que a mim tão bem me cabiam.

Música para sua mãe de Zé Ramalho

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