Por Walter Santos
Diga-se de passagem que tudo tem merecido aval do Tribunal Regional Eleitoral.
Agora mesmo, neste domingo de
‘ressaca cívica’ para quem vive envolvido com o acompanhamento das lides
políticas, o universo telespectador se viu diante de uma bela
propaganda da PMJP estrelada pelo decente professor realçando o ano
cultural Zé Ramalho, antes já evidenciado nas figuras extraordinárias de
Sérgio de Castro Pinto, José Lins do Rego e Ariano Suassuana.
Em tempo de aquecimento político eis
que a Prefeitura anuncia para o próximo dia 24 de setembro, nas areias
prateadas de Tambaú um grande show de encerramento do Ano Cultural Zé
Ramalho.
Três perguntas, entretanto,
transformam a justa e maravilhosa menção feita a Zé, certamente uma das
maiores legendas de todos os tempos da Paraíba, em tentativa de manobra
inteligente e espetacular:
1) Por que a homenagem exatamente às vésperas do final da campanha eleitoral, se o ano termina mais na frente?
2) Como a Prefeitura poderá inibir ou proibir que fãs / eleitores do artista transformem o show em ato político?
3) Qual o argumento para envolver o
artista numa época de campanha, se a regra eleitoral impede ações com
qualquer vinculo ‘mesmo involuntário’ dessa natureza?
Neste ou em qualquer outro momento,
não há nenhuma censura à essência do projeto em si, certamente a
merecer aplausos, mas numa época de valores políticos aguçados em plena
campanha eleitoral, se faz imprescindível zelar pelo respeito às regras e
ao artista em si, que certamente não foi comunicado que sua
apresentação pode se transformar sutilmente em “ato político de
campanha”, mesmo sem sê-lo contratado para tal, porque o argumento é de
outra natureza.
Ora, o ano letivo na Prefeitura
termina mais na frente, portanto, não se esgota no dia 24 de setembro,
além do mais Zé Ramalho tem méritos para o grande show em sua homenagem,
mas não é justo usar de sua fama e de sua história para confundir fãs e
eleitores num mesmo saco, por isso a data - simplesmente ela - é
imprópria.
Certamente que a Prefeitura vai
repelir os questionamentos, mas mantendo essa iniciativa, que um dia
precisa fazê - lo em alto estilo, longe do clima eleitoral com
comparecimento geral de todos, ela gera um clima a permitir a
possibilidade de “uso” indevido da imagem do grande poeta numa hora
imprópria, repito.
Vamos todos reverenciar, fazer calos
de palmas ao Menestrel de “Avohai”, mas Zé precisa ser preservado e
respeitado intensamente, além do mais a Prefeitura admitir que há
inteligência latente na Paraíba, além dos círculos oficiais.
Está tudo claro, muito claro.
ÚLTIMA
"Tô vendo tudo/ tô vendo tudo/
mas bico calado faz de conta que sou mudo..."
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