Zé Ramalho fala ao JP sobre 'Sinais dos Tempos',
seu primeiro disco de inéditas em 7 anos e o primeiro pela sua Avôhai Music.
André
Cananéa Dario
Zalis/divulgação
CD é
totalmente autoral filosofa sobre tempo e aborda temas místicos
Mais de
30 anos de carreira, 25 discos solo, shows o ano inteiro e um lugar de destaque
na Música Popular Brasileira acabam por desaguar no novo CD de Zé Ramalho,
Sinais dos Tempos (Avôhai Music, R$ 27,00, em média), um álbum de 12 canções,
todas compostas por Zé, que ele define como o disco da sua maturidade.
Primeiro
álbum de inéditas de Zé Ramalho em sete anos, Sinais dos Tempos sucede a série
de tributos que o músico fez para Bob Dylan, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro
e os Beatles entre 2008 e 2011 e é um reencontro do paraibano com seu rock
psicodélico, sua temática mística e suas raízes nordestinas, embora o artista
não goste de chamar de reencontro.
“Não é um
reencontro”, rebate Zé Ramalho, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, por e-mail.
“É uma continuidade das minhas lembranças e memórias, que estão sempre comigo.
Não esqueci de nada, como diz na música (‘Indo com o tempo’, que abre o CD):
‘Me lembro claramente / De tudo que eu vivi”.
Esse tom
autobiográfico resvala, sobretudo, nos últimos cinco anos da vida do cantor,
entre a carreira consolidada, os netos e até uma disputa judicial com sua
antiga gravadora e a editora de suas músicas sobre sua própria obra. A citada
‘Indo com o tempo’ – com versos como “E não perdoarei / A quem me trouxe dor” –
e ‘Justiça Cega’ são temas que versam sobre essa disputa.
“É um dos
motivos”, confirma Zé. “Além de outras injustiças que aconteceram na minha vida
e que fornecem motivos suficientes para descarregar todo sentimento de revolta
e indignação, através de uma canção. O disco inteiro é um retrato da minha fase
que estou vivendo”.
Além do
desabafo, os temas de Sinais dos Tempos são pontuados por alienígenas,
misticismo e divagações acerca do tempo, tema trabalhado na arte da capa, no
encarte e no material promocional do disco. Abordagens mais próximas do autor
de Opus Visionário e A Terceira Lâmina, do que de Parceiros Viajantes.
Os temas,
confidencia o músico paraibano, são inerentes a ele. “A configuração das ideias
inspiradoras desse trabalho surgiu naturalmente. Não houve uma intenção
específica de misticismo ou psicodelismo, porque eles surgiram naturalmente,
como tudo que aconteceu na minha discografia”, comenta Zé Ramalho.
Em quase
todas as músicas, diz ele, é possível encontrar as lições que o tempo trouxe
para sua vida. “Ele (o disco) confere maturidade, experiência, segurança e
autoridade para falar de tantos acontecimentos em 35 anos de carreira. São 25
discos lançados, cinco DVDs gravados e centenas de participações em discos de
outros artistas e eventos. Essas experiências me dão autoridade conferida pelo
velho e bom tempo”.
Apesar
das divagações sobre o passar do tempo (“Sinais de que os tempos passaram /
Passaram e mudaram demais”, diz a letra de ‘Sinais’), Zé diz que não é um
sujeito nostálgico, ou que vive do passado. “Apenas a mídia e as pessoas da
minha época se prenderam aos meus primeiros discos e não os tiraram mais da
cabeça”, responde. “O que está exposto é a maturidade de um compositor que lida
com temas que nenhum outro ousou mexer.
Letras
excêntricas, ideias viajantes e a nostalgia são apenas um sentimento particular
meu, não estão expostas no disco”.
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