Fotos: Cristina Massolini
Zé Ramalho já chegou aos 63 anos, mas o trovão da sua
garganta continua intacto, retumbante, inigualável. E não só pela idade, mas
pelo compositor já ter passado por perrengues brabos - chegou a passar
dificuldades na cidade maravilhosa nos anos 70 e entrou numa trip pesada com
drogas nos anos 80 - a constatação deste vigor no palco é digno de comemoração.
E ontem, no Credicard Hall, eu e minha mulher comemoramos muito. Não foi pra
menos. O compositor paraibano simplesmente tocou clássicos e mais clássicos por
duas horas ininterruptas, sem esquecer uma palavra ( e como as suas músicas tem
palavras!), e sem parar um instante de tocar sua guitarra. Das essenciais
Avohai, Vila do Sossego e Beira Mar aos sucessos Chão de Giz, Mistérios da Meia
Noite e Entre a Serpente e a Estrela. Das clássicas A Terceira Lâmina e Eternas
Ondas ( que estourou com Fagner) a hits de Raul Seixas ( Medo da Chuva e Trem
das Sete) e Gilberto Gil ( Lamento Sertanejo). E pra levantar a platéia, Frevo
Mulher, a música que segundo Caetano Veloso, mudou o rumo do carnaval baiano
após o seu sucesso. Um showzaço que o grande Zé Ramalho levou com a
tranquilidade e a serenidade que lhe cabe após 40 anos de carreira ( contando
seus tempos de instrumentista no rock e na banda de Alceu Valença). E por falar
em grande, uma das impressões minhas que caiu por terra foi a de que o
compositor era grande fisicamente - talvez por causa de seu vozeirão. Zé
Ramalho é pequeno, miúdo de corpo. Mas assim que adentra o palco e começa a
tocar e cantar, ele se agiganta. Zé Ramalho é um dos maiores artistas da nossa
terra. E isso só se confirmou ontem em São Paulo.
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