Jornal A União / Opinião
João Pessoa, Sábado, 17 de novembro de 2012.
Otávio Sitônio Pinto
“Mas o acervo Zé Ramalho tem de virar fundação para melhor receber apoio publico e privado – com homenageado em vida”
O acervo de Zé Ramalho fundando, organizado e mantido pelo pesquisador Aurílio Santos, está em vias de ser fechado – pois não conta com apoio de nenhuma instituição e seu curador não tem recursos para mantê-lo sozinho. O acervo é grande, e demanda espaço até para ser mantido em caixas. Zé está correndo o risco de ir “a nocauteado outra vez”.
O acervo fica em Brejo do Cruz, terra natal de Zé Ramalho da Paraíba. Um empreendimento desse tipo tem de receber suporte dos poderes públicos, A prefeitura, o Estado, O Governo Federal, as empresas de luz e de água, e os abastados do lugar, todos têm de chegar com algum para manter a casa aberta. Mas as terras mátrias são assim mesmo com os seus filhos.
Não é só com Zé que a Paraíba está fazendo isso. O material de Sivuca está ficando goro de tanto esperar pela sua implantação. Vai ser aqui, vai ser acolá, e não sai do lugar. – o papel dos projetos. Dia desses fizeram um alarde porque Glória Gadelha, a viúva do maestro, deu duas dezenas de originais carcomidos pelo tempo para a Fundação Joaquim Nabuco restaurar e guardar. A Fundação restaurou as partituras deterioradas e mandou cópias para Glória. Mas houve quem achasse ruim e fizesse uma celeuma com o fato, como se Glória estivesse desfalcando a Paraíba de alguma coisa, ou com se o Maestro e sua viúva devessem alguma coisa á Paraíba.
Tempos desse escrevi sobre isso. O que é que os grandes nomes devem á Paraíba? Acaso foram estimulados e apoiados? A Paraíba é quem deve a seus filhos, sua projeção nos dias futuros, sua glória no presente. Mas o acervo Zé Ramalho tem de virar fundação, para melhor receber apoio público e privado com o homenageado em vida.
Zé Lins, Augusto dos Anjos, Pedro Américo, José Siqueira, Zé Ramalho, nada devem á Paraíba. A Paraíba é que devem a eles. Todos esses tiveram de sair daqui para sobreviver, para fazer sua arte, tornarem-se conhecidos e dar nome á sua terra. O nome de Zé Ramalho tá na beira da estrada, na entrada e na saída de Brejo do Cruz, assim como na fachada do prédio do seu acervo – mantido por particulares zelosos do conterrâneo famoso. Mas está faltando o nome o nome do poder público. O nome e a verba.
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