Peleja
de Severino Noé com Zé Ramalho na terra de Avôhai
Afonso
Costa - Campina Grande / Paraíba
produção - Aurílio Santos
Manoel Monteiro, A. B. L.
Campina Grande-PB, Fevereiro de 2005
Talvez
seja a impiedade do sol causticante que penetrando as vistas, sem pedir
licença, ofusque a alma à ponto de deixá-la tonta e desvairada, ou quem sabe,
seja o contraste do cacto que floresce, delicado, por entre a agressividade dos
espinhos, ou ainda, o paradoxo do sapinho "hibernando" sob a derme da
terra esturricada pelos verões intermináveis, ou tudo isso junto resulte na
alquimia que forja homens estranhos e envolventes. A bigorna que moldou Antonio
Conselheiro continua produzindo "peças" disformes e curiosas.
Agora
mesmo um espécime desses habita as Terras de Avôhai e atende pelo nome de
Severino Noé, É poeta, é profeta. É asceta. Na sua vida que não tem data de
começo nem previsão de fim tem sido andarilho contumaz, filósofo loquaz,
observador voraz. Faz amigos por onde passa, estes, dão-lhe água, alimento e
teto só para terem o prazer de ouvi-lo e a oportunidade de participarem de suas
fantasias. Afinal, o que é fantasia e o que é realidade, qual é o formato da
cerca que separa o concreto do abstrato? Severino Noé sabe. Sabe e diz.
Diz
que veio ao mundo numa barra de sabão. É possível alguém vir ao mundo por esse
meio? Certamente. Se o grande poeta e intelectual Augusto dos Anjos afirmou de
pés juntos "ser uma sombra e ter vindo de outras eras" porque outro
poeta não pode ter vindo camuflado numa barra de sabão. Pois bem, um dia desses
o filósofo e poeta Severino Noé encontrou numa encruzilhada da vida o também filósofo
e poeta Zé Ramalho e os dois, como era de se esperar, travaram farpas em versos
e desse extraordinário embate resultou o presente cordel. Para testemunhar o
entrevero poético lá estava de Câmara a postos ,o hipersensível fotógrafo
Aurílio Santos para que não venham dizer que não foi assim. E olha que Aurílio
é a maior autoridade em
Severino Noé pois tem filmado e gravado "in loco"
andanças e falares desse filósofo sertanejo.
A
surreal PELEJA DE NOÉ COM ZÉ foi filmada e gravada por Aurílio, anotada e
testemunhada pelo advogado e professor universitário Orione Dantas, transcrita
pelo poeta Afonso Costa sendo que tudo foi oficialmente registrado por mim na
presente nota