Isabela Marinho
Do G1 Rio
Além de poder ver o repeteco do dueto do Sepultura com o
Tambores du Bronx, sucesso na edição de 2011 do Rock in Rio, os fãs da banda de
heavy metal terão dose dupla na edição 2013 do festival. Já se sabe que essa
parceria deu certo. Mas o que dizer do dueto inusitado de Sepultura e Zé
Ramalho? Provavelmente vai funcionar. A banda de metal e o cantor paraibano já
se juntaram para gravar “Dança das Borboletas” – composição de Zé Ramalho e
Alceu Valença – para o filme “Lisbela e o Prisioneiro” e em vídeo para a TV
Globo, esta será a primeira performance ao vivo. Faltando um mês para o show
que encerra a programação do Palco Sunset no Rock in Rio, os artistas
adiantaram um pouco do repertório em uma coletiva de imprensa nesta
quinta-feira (22) na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
O repertório inclui, além de “Dança das Borboletas”, “Jardim
das Acácias” e “Admirável Gado Novo” de Zé Ramalho, que ganharão novos
arranjos. “A gente está explorando e quer fazer uma coisa nova com a voz grave
do Zé Ramalho”, disse o guitarrista Andreas Kisser, acrescentando que a
insólita junção se dá pela atitude de ambas as partes. "Tecnicamente cada
um tem suas diferenças, mas quando você se expressa honestamente através da
arte não existe estilo. A gente se conectou por isso e temos o privilégio de
fazer a música do Zé Ramalho de maneira diferente”, concluiu.
O cantor, que aceitou o desafio de usar sua voz potente em
"Ratamahatta" do Sepultura, disse estar entusiasmado por participar
“de um festival do porte do Rock in Rio aos 60 anos e ao lado de uma banda
poderosa como o Sepultura, que já tocou nos quatro cantos do mundo inteiro”.
Zé, presente na edição do Rock in Rio em 2001, contou ainda que a participação
lhe rendeu prestígio em casa. “Agora meus quatro filhos homens passaram a me respeitar muito depois que souberam que eu ia tocar com
o Sepultura. Agora eles me olham diferente”, acrescentando que embora a tarefa
pareça simples e fácil, a apresentação é uma grande responsabilidade e que é
preciso oferecer o máximo para a plateia do Rock in Rio.
Zé Ramalho deixou claro que, mesmo que o seu som seja
conhecido pela característica regional, foi arrastado para a música por causa
do rock. “Eu era jovem e ouvi no rádio uma música dos Beatles e aquilo me deu
uma agonia, uma vontade de tocar um instrumento. Depois é que consegui juntar a
música trazida da minha região com essa eletrificada. Raul Seixas já falava que
Gonzagão e Elvis Presley eram próximos”, disse. A paixão pela guitarra fez com
que convidasse Sérgio Dias Baptista e Pepeu Gomes para gravar “Dança das
Borboletas” em ocasiões diferentes. Após a coletiva, ele brincou com Derrick
Green que no dia do show seus filhos vão “tietar” o vocalista do Sepultura.
Quanto a possíveis críticas do público de heavy metal à
junção com o cantor paraibano, Kisser não se preocupa. “Nosso fã está sempre
esperando o inesperado da banda. Cada um tem um gosto, uma liberdade de
expressão e a gente respeita isso. A gente aprende a conviver com as críticas e
cresce através delas”.
Diretor artístico do Palco Sunset, o músico Zé Ricardo falou
do desafio de superar o sucesso da apresentação do Sepultura com Tambores du
Bronx e que acredita que a junção do heavy metal com Zé Ramalho seja uma boa
aposta. "A gente vem da
participação do Sepultura em 2011 no Sunset grandiosa, que arrebatou o Rock in
Rio. Fiquei na expectativa do que teria nesta edição para ter esse
arrebatamento. Quando falamos no nome do Zé eu fiquei aliviado. De cara
identifica essa junção pela atitude dos dois. O público do Sepultura é
exigente, que conhece música, que estuda, que sabe quem é o baterista, o
guitarrista, a ‘batera’ que ele usou para gravar a música tal”.
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