Zé Ramalho e Sá & Guarabira regravam 'Let It Be'





Roberta Pennafort - O Estado de S. Paulo

Marcelo Froes/Divulgação
 

Artistas/fas brasileiros dos Beatles regravam sucessos do LP lançado em 1970 pelo selo Discobertas

 Zé Ramalho, que canta 'The Long and Winding Road'
RIO -
Zé Ramalho, Sá & Guarabyra, os pernambucanos da banda Profiterolis, entre outros artistas de diferentes gerações e estilos, reuniram-se em torno de um acontecimento marcante da história do rock: o último disco dos Beatles, Let it Be. Lançado em 1970, o LP em que foram registradas canções como a faixa-título, Get Back, I’ve Got a Feeling Don’t Let Me Down, foi regravado, com novos arranjos, por artistas/fãs brasileiros, e está saindo pelo selo Discobertas por ocasião de seu 40.º aniversário.
Foi em abril de 70 que se deu o que aficionados de todo o planeta temiam: o anúncio da dissolução do quarteto, em caráter irrevogável. Em maio, com um longa-metragem que documentava o processo de ensaios, a EMI inglesa lançaria Let it Be, já gravado num clima de desavença. Presença constante nas listas dos melhores de todos os tempos, o álbum foi objeto de adoração de muitos brasileiros.
"O filme dos Beatles no meu cinema interior começa em I Wanna Hold Your Hand e termina em Let it Be. Para mim, Let it Be é o fundo musical que acompanha a rolagem dos letreiros na tela. Só quem acompanhou passo a passo a história, aprendeu, cresceu junto, pode sentir quão triste foi saber que estavam separados", diz Guarabyra, que gravou com o parceiro Sá a faixa-título do volume 1 do projeto Beatles’70. Zé Rodrix participaria, mas morreu em maio de 2009, quando a data da ida ao estúdio estava sendo marcada.
Zé Ramalho canta The Long and Winding Road e Isn’t It a Pity. O mais reverente dos beatlemaníacos, segundo o criador do projeto, o produtor Marcelo Froes - "é capaz de cantar qualquer música de qualquer disco" -, Zé, de 60 anos, foi bem influenciado pela banda inglesa na juventude. Ouve até hoje, e tem predileção pelas canções de George Harrison, como Isn’t It a Pity. "São mais acústicas e contêm mensagens espirituais, que para uns é caretice, mas para mim são de grande beleza!"
O cantor e compositor paraibano é entusiasta de iniciativas como a de Froes. Participou das regravações do Álbum Branco, em 2008, e Abbey Road, em 2009, por ocasião de seus 40 anos, lançados pela Discobertas e que reuniu cantores e bandas do País todo. Rodrigo Santos, baixista do Barão Vermelho, é outro que disse sim à convocação. Gravou com a cantora Marília Bessy a faixa For You Blue. "Eu gosto de tudo que sai de Beatles, tocado em ritmo de choro, com orquestra... É tão melódico e rico que é muito difícil alguém estragar. Acho legal ouvir as canções em outra época, de outra maneira."
O volume 1 tem ainda gravações não-inéditas de Cássia Eller (Get Back), Os Britos com Zélia Duncan (Two of Us), Jane Duboc (Across The Universe), e a banda de reggae Planta e Raiz (Don’t Let Me Down); as demais foram produzidas especialmente para o projeto, separadamente.
A Discobertas está lançando também um volume 2 do Beatles’70, com dez regravações de faixas dos primeiros trabalhos-solo dos quatro. Entre os convidados, estão Lobão (Instant Karma, de Lennon), Zeca Baleiro (Mother, de Lennon), Ivan Lins (Love, de Lennon) e Roupa Nova (My Sweet Lord, de George Harrison). "São pessoas que adoram Beatles e aproveitam qualquer oportunidade de cantar as músicas. As músicas não ficaram datadas, como muita coisa dos anos 60", conta Marcelo Froes, que vetou bandas covers.

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