Zé Ramalho cumpre a promessa com Terceira Lâmina





Jornal A União
Quarta Feira, 05 de Março de 1980

  O "Jornal do Disco", editado por Okky de Souza e circulando como suplemento da revista "Somtrês", perguntou a cada uma das grava­doras brasileiras qual será o seu trunfo, em 1980, na guerra das pa­radas. A Bandeirantes respondeu: Grupo Paranga. A WEA, Oswaldo Montenegro. A RGE, Gilliard. A Top Tape, Gilson, A EML Djavan. A Som Livre, Olívia. A Continental, Paulo André Barata. A RCA. Dia­na Pequeno. A Polygram, Angela Ro Ro. E a CBS, o paraibano Zé Ramalho. Sobre o autor de Admirá­vel Gado Novo, A UNIÃO publica o texto do "Jornal do Disco".

Entre as promessas para 1980, Zé Ramalho é uma que já se cumpriu. Vai longe o ano de 1977, quando Zé Ramalho da Paraíba era um tímido tocador de viola que acompanhava Alceu Valença numa temporada do show Vou Danado Pra Catende, em São Paulo, quando Zé abandonou um espetáculo na metade para voltar à sua Paraíba. A barra angustiante e competitiva foi demais para quem só queria mostrar o que sabia de música, depois de ouvir muito os artistas po­pulares do sertão nordestino.

Hoje, dois LPS já lançados com sucesso (Zé Ramalho, em março de 78, e A Peleja do Diabo com o Dono do Céu, em setembro de 79), Zé Ra­malho pode ser considerado "um ve­terano da novíssima geração". Sua gravadora, a CBS, começou, com ele, a dar um decisivo impulso para o apa­recimento de discos de estreantes nor­destinos. Produzindo, compondo ou arranjando, Zé Ramalho tem partici­pado de vários desses discos.

Apoiado nos sucessos de Avôhai, Vila do Sossego (do l9 LP), Admirável Gado Novo e Frevo Mu­lher, além da faixa-titulo (do 2»), ele encerrou ao ano com o show de lança­mento do disco em São Paulo e no Rio, em duas semanas de verdadeiro delírio popular. O público que lotou o teatro, em todas as apresentações, já sabia cantar com ele quase todas as músicas e vibrou muito com os arran­jos tão densos quanto as letras que ele compõe, os bons músicos que o acom­panharam e até com a presença em uma das noites de um convidado es­pecial: Zé do Caixão, homenageado na capa do segundo disco, foi fazer ca­retas e mostrar as unhas como retri­buição a um dos mais ativos composi­tores do ano passado. Que mostrou fô­lego de sobra para entrar em 80 no mesmo ritmo.



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