Zé Ramalho ganha prestígio no dia do metal e toca com "Zépultura" no Sunset

   
Tiago Dias

Do UOL, no Rio 22/09/2013

Entre os monstros do heavy metal que integram a programação do último dia do Rock in Rio,  um cantor paraibano, que sempre esteve, injustamente, à margem do rol dos medalhões da MPB, ganhou a aprovação, palmas e gritos dos headbangers a espera de Iron Maiden, que encerra o festival neste domingo (22).
Em show conjunto com o Sepultura, Zé Ramalho foi além: fez a plateia que lotava o Palco Sunset --e que já havia cantado clássicos do Helloween, Destruction e Krisiun-- entoar os versos de "Admirável Gado Novo", saga do agreste brasileiro, cuja aridez ganhou o peso característico do Sepultura, com bateria ritmada, baixo pulsante e riff em alto e bom som.

19.set.2013 - Abel Camargo, do Hibria, exibe sua Ibanez Artist durante segundo fim de semana do Rock in Rio Marco Antônio Teixeira / UOL
Andreas Kisser brincou que a banda, nesta noite, se chamava "Zépultura". A alcunha ganhou ecos no público que já gritava: "Ah, é Zé Ramalho". O cantor sorria, agradecendo com a mão para cima, mostrando estar bem a vontade no palco e com o público.
Vestido todo de preto, Zé parecia um profeta que voltou do além (o bardo chegou a ser dado como morto nas redes sociais em junho). Mostrou que está mais do que vivo.  "Vamos mostrar músicas com essa banda poderosa: Sepultura", disse, nas poucas vezes que falou ao público. Em outra, com a palma da mão aberta sob a multidão de camisetas pretas, parecia abençoar os servos do metal: "Avôhai", disse, sem tocar este, que é um de seus sucessos mais conhecidos.

"Achei inusitado. No começo achei que eles não iam aceitar. Você sabe como o pessoal do metal é, né?", comentou a paulista Patrícia Loroca, 38, após a apresentação. "Ficou muito pesado. Acho que o Zé tem um pegada heavy metal".
Embora pareça inusitada, a parceria já existiu e rendeu uma grande versão para "A Dança das Borboletas", canção do paraibano regravada para a trilha do filme "Lisbela e o Prisioneiro". A música entrou no show, assim como outra canção mais obscura de sua carreira, "Jardim das Acácias".
"Isso mostra que dá para fazer muita coisa foda com metal", disse Andreas no final do show, depois de apresentar uma canção de seu disco solo, "Em Busca do Ouro", também cantado por Zé.
30 anos de carreira
Praticamente uma banda VIP do evento, Sepultura voltou ao festival após celebrar a parceria com o Tambours Du Bronx na última quinta-feira (19). Dessa vez, a banda celebrou os 30 anos com uma pequena porção de pérolas, como "Dark Wood Error", do disco "Dante XII", inspirado em "Inferno" de Dante Alighieri, que abriu a apresentação.
Para comemorar os 30 anos de carreira, a banda quis privilegiar porradas que raramente aparecem em seus shows, como "Dusted", espécie de lado b do álbum "Roots", e que provocou as primeiras rodas na plateia lotada do palco secundário. Do disco "Chaos A.D." veio "The Hunt", nunca tocada ao vivo. Andreas assumiu os vocais em seguida para mostrar a versão metal de "Da Lama ao Caos", cover que estará no próximo disco do Sepultura. "Vocês são do c******.", agradeceu o vocalista Derrick Green, sob os gritos do público.
Neste domingo, sétimo e último dia do festival, sobem ao Palco Mundo Iron Maiden, Avenged Sevenfold, Slayer e Kiara Rocks. No Sunset, Sepultura e Zé Ramalho fecham a programação de parcerias, que teve ainda Helloween com Kai Hansen, Destruction com Krisiun, e Andre Matos e Viper.



Um comentário:

  1. Zé Ramalho é um músico de caráter universal, possuidor de canções arrebatadoras e lindas.
    Eu sou raulseixista e ramalhiano desde a minha adolescência
    Salve o Zé!!!

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